Já viu o meu canal no YouTube? Inscreva-se!

Vendinha do Tiozão do Vinil

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

O cérebro do músico



A “plasticidade cerebral”

Durante muitos anos pensou-se que a maturação cerebral se desenvolvia na infância, e não poderia ser modificada posteriormente. Hoje, a partir do avanço científico, sabe-se que o cérebro é capaz de se adaptar e até modificar-se, de acordo com as experiências vivenciadas ao longo de toda a vida, e não apenas na infância.

A música, e mais especificamente, o estudo musical, vem sendo tema de muitas pesquisas nas quais o principal objetivo é aprofundar a compreensão da neuroplasticidade. O termo plasticidade cerebral, ou Neuroplasticidade, referem-se às alterações que ocorrem na organização do cérebro como resultado da experiência.

Estudos comparativos entre músicos e não-músicos, vêm demonstrando as diferenças de organização e anatomia cerebral entre esses dois grupos.

Atualmente sabe-se que certas regiões cerebrais (corpo caloso, córtex motor e cerebelo) podem apresentar alterações funcionais e estruturais causadas pelos desafios e exigências requeridas pelo estudo musical.

Essas diferenças na anatomia cerebral de músicos são evidentes em exames de neuroimagem (ressonância magnética, tomografia computadorizada), porém, quais são as conseqüências (benéficas ou não) de tais diferenças no cotidiano dos músicos, foram pesquisadas através de uma série de estudos comparativos.

Efeitos práticos da neuroplasticidade entre músicos e não-músicos




Iremos analisar os efeitos práticos decorrentes das mudanças anatômicas das três estruturas cerebrais citadas acima.

Corpo caloso - Conjunto de fibras nervosas que conectam os dois hemisférios cerebrais.
O corpo caloso desenvolve um papel importante na integração funcional entre os dois hemisférios.



É consensual no meio científico, que o controle do movimento e a coordenação motora, assim como a transferência inter-manual de informação sensório-motora, aumentam gradualmente entre quatro e onze anos de idade, o que coincide com o período de maturação do corpo caloso.

Segundo os pesquisadores, a principal hipótese da mudança anatômica do corpo caloso é o treinamento musical precoce, especialmente de pianistas, que desenvolve na fase de maturação, habilidades bi manuais complexas, ou seja, a exigência do instrumento desenvolve a habilidade das duas mãos de tal maneira que altera a estrutura cerebral.

Pensa-se que a adaptação sofrida na estrutura cerebral, mostra-se benéfica em outras áreas que exigem habilidades motoras, não se restringindo às capacidades musicais.



Córtex motor – área responsável pela execução dos movimentos motores.

Os córtices motor direito e esquerdo apresentam assimetria, ou seja, indivíduos destros apresentam o córtex motor esquerdo maior que o córtex motor direito (nos canhotos isso se inverte). Porém, exames realizados com indivíduos músicos e não músicos demonstram que esse padrão de assimetria é reduzido nos músicos.
Em testes manuais onde os indivíduos deveriam demonstrar agilidade e rapidez com ambas as mãos, o grupo de músicos realizou os testes de maneira mais ágil e satisfatória que o grupo de não-músicos.

O estudo também verificou uma correlação entre o tamanho do córtex motor de ambos os hemisférios e a idade de início dos estudos musicais. Quanto mais cedo o início dos estudos, maiores as dimensões do córtex motor direito e esquerdo.

Assim, esses indivíduos com maior córtex motor e menor assimetria inter-hemisférica poderiam se sobressair no desempenho de determinadas habilidades motoras e superar indivíduos que apresentam menor córtex motor, ou maior assimetria, ou ambos.

Cerebelo  área responsável pela manutenção do equilíbrio e pelo controle do tônus muscular e dos movimentos voluntários, bem como pela aprendizagem motora. Dependemos do cerebelo para andar, correr, pular, andar de bicicleta, etc.
Os músicos apresentam aumento do volume cerebelar em torno de 5% sobre indivíduos não músicos. Estudos ainda estão em andamento a fim de verificar os benefícios trazidos por essa mudança anatômica, porém, sugere-se que os músicos desenvolvem maior habilidade de reflexos motores, maior agilidade e coordenação motora fina mais sofisticada que não músicos.  





Outros efeitos testados em estudos comparativos demonstram habilidades elevadas:

Campo auditivo: músicos que iniciaram o estudo musical até os nove anos de idade apresentaram maior desempenho auditivo que não músicos e músicos “tardios”.

Capacidades cognitivas: muitas pesquisas têm relatado associações positivas entre estudo formal de música em crianças e capacidades pertencentes ao domínio não-musical, como linguagem, matemática e raciocínio visio-espacial, demonstrando que a habilidade cognitiva se estende para outras áreas além da musical. Embora os “efeitos” do estudo musical na fase infantil sejam mais evidentes, pesquisadores sugerem a possibilidade da persistência dos benefícios do treinamento musical, em domínios não-musicais, na fase adulta. Portanto, o estudo musical no adulto também pode trazer benefícios cognitivos em áreas não musicais.

Capacidade visual: Os músicos apresentam maior rapidez do movimento dos olhos, o que pode beneficiar seus reflexos em atividades cotidianas. Segundo os pesquisadores, a leitura complexa e rápida da partitura desenvolve uma agilidade especial em músicos formais.

Atenção: a complexidade de elementos que um músico precisa dispensar ao tocar uma música pode desenvolver uma capacidade atencional diferenciada. Para executar uma peça musical, um músico precisa atentar simultaneamente para muitos elementos: execução das notas corretas, métrica, dinâmica, movimentos motores finos, interpretação, performance no palco, integração com o grupo (se for o caso), e tantos outros elementos que exigem uma rápida resposta. Todo esse desafio acarreta num desempenho de atenção acima da média.


Enfim, poderíamos nos estender muito mais, afinal, o cérebro humano é tão formidável, que quando começamos a nos aprofundar um pouco sobre seu funcionamento nos deparamos com sua enorme complexidade.

Com esse artigo, procurei demonstrar um pouco o conteúdo de pesquisas recentes que comprovam que o estudo da música desde a infância pode sim trazer benefícios que se estendem para a vida adulta, e vão além do instrumento musical. Vimos que músicos respondem melhor tanto no campo motor como no campo cognitivo.

Assim, os benefícios da música vão além do desenvolvimento cultural, eles abrangem adaptações cerebrais únicas que beneficiam os indivíduos em muitos aspectos importantes da sua vida.






Por Flávia Nogueira
Musicoterapeuta, musicista, regente
e professora de música
Autora do blog Música & Saúde








Referências bibliográficas

OLIVEIRA E RODRIGUES, Ana Carolina. Atenção Visual Em Músicos E Não Músicos: um estudo comparativo. Dissertação de mestrado em Música.  Belo Horizonte: UFMG, 2007.

PEDERIVA, Patrícia L. M., TRISTÃO, Rosana M. Música e Cognição. Brasília: Ciências e Cognição, 2006, Vol. 9: 83-90.
PERETZ I., ZATORRE R. Brain Organization for music processing. Montreal: Annual Review Psychology, vol. 56, 2005.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Tex, o heroi italiano do velho oeste

Minhas primeiras experiências com a leitura se deram muito cedo com as famigeradas (na época) histórias em quadrinhos. Com elas, aprendi muito sobre história, mitologia, o significado de termos diversos, costumes e condutas.

Cada vez mais interessado, procurei conhecer vários títulos que foram desde a Turma da Mônica até as linhas mais adultas como as do selo Vertigo (DC Comics) e as Graphic Novels. Fascinado por essa rica fonte de conhecimento, colecionei todas que pude. No decorrer de minha vida, fiz e desfiz algumas vezes estas coleções e hoje, na altura dos meus 40 anos de idade, me orgulho muito da minha ainda incompleta coleção de revistas do Tex.

Para quem não conhece, o Tex Willer é um personagem criado em 1948 pelos italianos Giovanni Luigi Bonelli e Aurelio Gallepini, devido à fascinação que o primeiro tinha pelo Western estadunidense.

Sua origem é como um vaqueiro do Texas que junto com seu pai e irmão, tentavam viver a vida tranquilamente, até que um bando de criminosos mexicanos roubam sua fazenda e assassinam seu velho pai. Tex segue em seu encalço nos territórios mexicanos e faz justiça com as próprias mãos. Sendo perseguido como um criminoso, passa a viver em um circo onde desenvolve diversas habilidades. No decorrer das histórias, acaba recebendo o perdão por seus crimes a auxilia o exército nortista (por seus princípios de igualdade racial) na guerra de secessão como batedor, sem lutar contra seus compatriotas sulistas. Suas aventuras o acabam levando a conviver com o povo indígena dos Navajos, com quem faz grande amizade ao ponto de se casar com a filha do chefe e, após o falecimento deste, torna-se o (improvável) chefe de toda a nação Navajo. Com o tempo, se torna um Ranger e junto com seus fiéis amigos Kit Carson (personagem histórico), Jack Tigre (um índio Navajo) e seu filho Kit Willer, lutam pelas pradarias contra os inimigos da lei e da justiça.

PRINCÍPIOS E ENREDO

Tex tem grande senso de justiça e utiliza todos os métodos ao seu alcance para obtê-la, mesmo que para isso tenha que se aliar com indígenas contra os brancos ou vice-versa. Consegue desbaratar os esquemas dos poderosos especuladores de terras, escapar de diversas armadilhas e conhece como ninguém a natureza humana. É um amigo fiel que nunca deixa seus companheiros sem auxílio, mesmo que para isso tenha que cavalgar até o longínquo e gelado Canadá, ou ao agitado leste estadunidense.

Também é comum Tex ter que lidar com o sobrenatural, governantes, exército, personagens históricos como Wild Bill, Buffalo Bill, General Custer, Jerônimo, Cochise, etc.; assim como paleontólogos, historiadores e arqueólogos.

As histórias consistem em dissolver grandes mistérios e conspirações, sempre com muita ação e bravura.

SOBRE A REVISTA

As aventuras de Tex começaram a ser publicadas no Brasil em 1971, trazidas pela extinta Editora Vecchi. Depois passou às mãos da RGE, Globo e atualmente é publicada pela Mythos. Provavelmente é a única revista com tanto tempo de publicação que mantém sua sequência numérica até hoje (se aproxima do número 600!).

Por tradição e para destacar as belas obras dos desenhistas da revista, suas edições saem até hoje em preto e branco, embora recentemente tenha sido lançada uma coleção de luxo em cores.

 Além da edição normal, também são publicadas as séries Tex Coleção, Tex Gigante, Almanaque Tex, Tex Ouro, Tex Edição Histórica entre outras.

Atualmente, mantenho em meu acervo mais da metade das numerações da edição "normal" e sempre que visito alguma cidade, garimpo nos sebos edições antigas para minha coleção.

Minha esposa Flávia, um dia pegou uma revista para ler e foi contaminada pelo prazer desta leitura. Hoje ela é minha parceira na leitura e coleção, o que faz com que fique ainda mais agradável ler e colecionar as aventuras de Tex e seus pards.

Não quer experimentar? Você encontra as edições do Tex em praticamente qualquer banca de revistas pelo país.

Deixarei mais para futuros artigos, pois é chegada a hora do almoço e como Tex costuma dizer quando chega em algum saloom após longa viagem no lombo de um cavalo: "Garçom! Quero um bife de três dedos de altura, sepultado em uma montanha de batatas fritas, acompanhado do seu maior copo cheio de cerveja gelada!"

Adiós amigos!

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Paulinho da Costa - a lenda!


Paulo Roberto da Costa, ou Paulinho da Costa como é mundialmente conhecido, é um dos mais requisitados percussionistas do mundo, e há vários anos. Brasileiro... sabia??

Ele já gravou centenas de discos, com mais de 900 (isso mesmo, novecentos!!!!) artistas de vários gêneros. Muitos discos de ouro, Grammys e ate Oscar! Paulinho é uma unanimidade fora do Brasil - no Brasil é mais um ilustre desconhecido...

O homem participou de álbuns antológicos de diversos artistas. Thriller do Michael Jackson, só pra ficar em um exemplo. As aventuras de Paulinho no cinema também não são nada humildes, confira no final desta postagem a lista de dezenas de filmes que ele participou da trilha, vou citar só alguns pra você ficar curioso: Dirty Dancing, Purpe Rain, Saturday Night Fever, Footloose, Indiana Jones e Jurassic Park. Se você quiser verificar todos os discos que ele gravou, confira nesse link da página dele onde consta a discografia completa do artista, mas separe algumas horas para isso, pois a lista é inacreditavelmente grande!! Confira aqui!

Esse notável percussionista nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1948 e em 1972 foi convidado pelo pianista brasileiro Sérgio Mendes para fazer um som. Paulinho foi e ficou, mas só em 1976 que ele foi convidado para gravar por outro artista. O célebre cantor da Motown, Smokey Robinson (The Miracles) o chamou para gravar nada menos que aquele que se tornaria um hit number one: "Love Machine". Na sequência ele foi trabalhar com a lenda do jazz Dizzie Gillespie e o resto é história.

Há mais de 40 anos nos Estados Unidos, o multipremiado e respeitadíssimo Paulinho da Costa continua na ativa e bem requisitado até por artistas do momento. A última vez que soube dele ele estava tocando na banda da Diana Krall. Se você é colecionador de discos como eu, aposto que irá encontrar o Paulinho em diversos créditos de álbuns do seu acervo, quer apostar?

Ele também tem discos solo: Agora (1976), Happy People (1979), Sunrise (1984), You've Got A Special Kind Of Love (1984) e Breakdown (1987).



Paulinho em ação acompanhando o guitarrista Lee Ritenour:




Paulinho solando em show do João Bosco:



Olha lá o Paulinho com seu largo sorriso simpático logo na primeira cena do clipe da Madonna! (ele aparece de novo mais pra frente também)



O sujeito já gravou com Miles Davis, Eric Clapton, B.B. King, Bob Dylan... a lista é gigante! Copiei da Wikipedia a relação dos artistas com quem Paulinho da Costa já gravou, a quantidade e a variedade de gêneros é assustadora:

A
AaliyahAdam CohenAhmad JamalAir Supply, Akima Asakura, Al JarreauAlain Chamfort,Alan PriceAlbert HammondAlex AcuñaAlice CooperAllen ToussaintAmandaAmanda Marshall, Ananda, AmericaAmy GrantAndre CrouchAndrea BocelliAndy NarellAndy TaylorAngela BofillAngela WinbushAngie StoneAnita BakerAnn NesbyAnriAretha FranklinArt of NoiseArt Porter, Sr.Atlantic Starr, Audio Caviar, Average White Band
B
C
D
E
F
G
H
I
J
Jacintha, JaguaresJames "J.T." TaylorJames IngramJames LastJames ReyneJane MonheitJanet JacksonJanis IanJann Arden, Jass A Karaka, Javier, Jay HoggardJean-Luc PontyJeff LorberJeffrey OsborneJennifer HollidayJennifer WarnesJeremy Monteiro,Jermaine JacksonJermaine StewartJill ScottJimmy PonderJimmy ReidJimsakuJoan BaezJoão BoscoJoão GilbertoJody Watley,Joe Cocker, Joe Lamont, Joe PassJoe SampleJoe SatrianiJohn BenitezJohn DenverJohn GoodsallJohn KlemmerJohn Patitucci,John PizzarelliJohn StoddartJohnny GillJohnny Guitar WatsonJohnny Mathis, Jojo Alves, Jon AndersonJon SecadaJonathan Butler,Joni MitchellJorge BenJosé FelicianoJosé José, Josee Koning, JourneyJoy Enriquez, Joyce Kennedy, Juanita Dailey, Julio Iglesias, Jr.,Julio Iglesias, Junichi Kawauchi
K
L
M
Madonna, Marc Portman, MagnumThe Manhattan Transfer, Mara Cubeddu, Marcus Miller, Mahogani Blue, Maria BethaniaMaria Vidal, Mark Portman, Marlene de la Peña, Marlena ShawMarilyn MartinMarilyn ScottMarta SánchezMartha DavisMartikaMartin MullMartin TaylorMary J. BligeMatraca Berg, Masami Nakagawa, Masayoshi Takanaka, Matt DuskMaurice White, Maxi Anderson, Maxine NightingaleMaysa LeakMelissa Manchester, Melissa Sweeney, Melody GardotMezzoforteMichael BreckerMichael BoltonMichael BubléMichel ColombierMichael FranksMichael JacksonMichael McDonaldMichael OmartianMichael Sembello, Michael White, Mike Love, The Mike Theodore Orchestra, Miles DavisMilly CarlucciMilt Jackson, Mimi Manners, Mindi AbairMindy MccreadyMinnie Riperton,The MiraclesMiyuki NakajimaMolly Hatchet, Motivation, Mystic Merlin
N
O
P
Q
R
S
T
U
U-Nam, Urban Nights
V
W
Y
Yarbrough & PeoplesYellowjacketsY Kant Tori ReadYesYou Am I, Yoru Ni Kizutsuite, Yoshitaka Minami, Yvonne Elliman, Yutaka
Z
Zachary Richard, Zezo Ribeiro

Paulinho também tocou nas trilhas sonoras dos seguintes filmes e series:




Eu sei que nem precisava falar tudo isso sobre o Paulinho da Costa, nós brasileiros valorizamos e reconhecemos muito nossos artistas.  Não é?????