Artigo em homenagem aos seus 102 anos |
Nascido em Freiburg, Alemanha (02 de setembro de 1915), esse grande vulto da música mundial teve (e tem!) um papel dos mais relevantes para o desenvolvimento dessa arte em todos os lugares pelos quais passou. Ele foi um músico concertista (flautista e pianista) e compositor importante, contudo suas maiores contribuições estão no âmbito da educação musical.
Koellreutter teve que sair de sua pátria por conta do Nazismo. Apesar de não ser judeu e de seus pais serem favoráveis ao sistema de governo implantado por Hitler, o jovem músico havia se envolvido amorosamente com uma moça judia, o que fez com que ele fosse denunciado à Gestapo pelos seus próprios pais (!) correndo, então, o risco de ser preso ou até morto. Graças a amizade que ele desenvolveu com Heitor Villa-Lobos (1887-1959) - o compositor supremo do Brasil - e com o grande escritor Mário de Andrade (1893-1945), ambos frequentadores assíduos da Alemanha pré-Nazismo, o jovem Hans, já um famoso flautista, conseguiu viabilizar sua vinda para o Brasil.
Por aqui, em 1938, ele foi imediatamente contratado para lecionar no Conservatório Brasileiro de Música e após 10 anos no país, foi naturalizado brasileiro. Sua importância para a música erudita e popular da nossa nação foi gigantesca: fundou a Orquestra Sinfônica Brasileira, a Escola de Música da Universidade Federal da Bahia e diversas Escolas Livres de Música por todo o Brasil; foi professor também em outras universidades e deu aula para grandes músicos como Cláudio Santoro (1919-1989), Guerra-Peixe (1914-1993), Edino Krieger (1928-), Eunice Katunda (1915-1990) e Tom Jobim (1927-1994) - tendo sido o primeiro professor de música deste; foi mentor de um grande número de músicos, como Caetano Veloso, Tom Zé, Moacir Santos, Gilberto Mendes, Marlos Nobre, Tim Rescala, Clara Sverner, Denis Mandarino, Gilberto Tinetti, Nelson Ayres, Paulo Moura, José Miguel Wisnik, Diogo Pacheco, Júlio Medaglia, Isaac Karabtchevsky, David Machado, Carlos Eduardo Prates, Nico Nicolaiewsky, Haroldo Mauro Jr, Roberto Sion, Carlos Alberto Pinto Fonseca, Afrânio Lacerda, Janete El Haouli, Teca Alencar de Brito, José Roberto Branco - Maestro Branco e Severino Filho (Os Cariocas). Por meio de sua influência (e de outros, claro!) foi estabelecido o padrão das músicas popular e erudita brasileira moderna.
Suas inovações musicais foram a "Estética do Impreciso e do Paradoxal"; as incorporações na música ocidental do microtonalismo indiano e do zen budismo japonês, além do serialismo e da música experimental. Criou e fez parte do grupo Música Viva, que compunha músicas fortemente atonais e dodecafônicas - todas essas inovações merecerão artigos específicos futuramente aqui na página.
Escreveu ou influenciou a escrita de diversos livros sobre suas teorias musicais que são material indispensável para qualquer estudante de música.
Faleceu aos 90 anos em São Paulo no ano de 2005, de alzheimer.
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Eu tive o prazer de participar, junto com a minha esposa Flávia, de um curso ministrado por ele na cidade de Santos no final da década de 1990. Além do privilégio de ouvi-lo palestrar, ainda participamos de atividades práticas coordenadas por ele e aplicada por suas alunas.
Aqui no nosso acervo temos as seguintes obras literárias relacionadas a ele:
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