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Vendinha do Tiozão do Vinil

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Estou interessado em Jazz, o que devo fazer?


Gosto é basicamente (mas não unicamente) baseado em costume. Gostar de determinada música ou estilo musical passa muito por aquilo que estamos acostumados a ouvir. Seja por influência dos pais, de pessoas que admiramos, dos veículos de comunicação que repetem incessantemente determinada música ou artista, além de outros. Se durante sua vida auditiva, você não recebeu essa "influência do Jazz" (como diria Carlos Lyra), provavelmente hoje você não gosta ou não é familiar ao estilo. Diferentemente de outros tempos, hoje o Jazz não é um estilo musical, digamos, de massa. É praticamente um nicho, um gueto. Muitos olham (ou ouvem) esse estilo como algo típico de pessoas arrogantes, metidas a cult ou bacanas. Outras têm certa resistência a esse tipo de música por achar barulhenta ou confusa. Tudo isso é puro preconceito!

O Jazz é popular, é erudito, é cult, é povão, é barulhento, é suave, é pra dançar, é pra apreciar com atenção, é cantado, é instrumental, é simples, é complexo, é inovador, é conservador.... o JAZZ É TUDO ISSO E MUITO MAIS!!!


Se aventurar pelo mundo Jazz é como ir para outra dimensão, é ampliar definitivamente os horizontes. Entretanto, como acontece com quase tudo que não estamos acostumados ou que desconhecemos, a primeira impressão poderá ser de estranhamento. Tente não fazer esse estranhamento se tornar uma repulsa precipitadamente, faça dele um instigador da sua curiosidade! A curiosidade é o primeiro passo para aprender, sim, porque quando entramos em um mundo novo, há a necessidade de um aprendizado para poder usufruir desse mundo em toda sua profundidade. Sem conhecimento a apreciação se torna limitada à superfície e isso é o que acontece quando gostamos de Jazz simplesmente por ouvi-lo insistentemente até integrá-lo à fórceps ao nosso gosto, ou seja, temos um marzão todo para explorar e nos contentamos com o rasinho...

Se você chegou até aqui, é porque já tomou a pílula vermelha de Morpheus e a partir de agora vou mostrar alguns dos caminhos para esse tal de Jazz. Recomendarei audições, vídeos e leituras, aproveite a viagem!

Um excelente começo para a saga do Jazz é assistir a série produzida por Ken Burns sobre o estilo. Nela ele disseca as origens, desenvolvimentos, artistas e obras. É o documentário definitivo sobre o tema!

Acervo pessoal

Existe também uma coleção de CDs derivada do seriado e ela é dividida por artistas. As músicas foram selecionadas pelo próprio Ken Burns e perpassam toda a carreira dos músicos:

Acervo pessoal
Há uma serie de LPs lançada pela editora Abril bem no início da década de 1980 chamada "Gigantes do Jazz" que também faz um belo apanhado, não apenas sonoro, mas com muitas informações encartadas. Os fascículos dessa serie são encontrados com relativa facilidade nos sebos e seus preços costumam ser bem em conta. O difícil é encontrar a coleção completa e encadernada (fica linda na estante!).

Acervo pessoal
Outra serie interessante, só que em CD, é aquela que foi lançada em 2007 pela Folha de São Paulo. São 20 livros-CDs que narram a trajetória de alguns dos principais artistas dos gêneros.

Acervo pessoal
Existe uma vasta literatura disponível no mercado. Muitas biografias, livros técnicos, e ainda alguns que narram todo o processo de criação de algum determinado álbum clássico do estilo, como por exemplo 'A Love Supreme - A Criação do Álbum Clássico de John Coltrane' escrito por Ashley Kahn e prefaciado por Elvin Jones - simplesmente o batera lendário que gravou o álbum!

Acervo pessoal
Outro livro que vale a pena indicar é o guia escrito por Emerson Lopes chamado 'Jazz ao seu alcance'. É um grande catálogo (mais de 600 páginas) onde você encontra endereços de páginas da  Internet sobre o tema, rádios e podcasts, lojas, gravadoras, revistas, uma enorme listagem de artistas e álbuns que valem a pena conhecer, diversas dicas de gravações e algumas entrevistas com músicos e profissionais do ramo. A parte da Internet já está datada, mas o restante ainda é uma rica fonte de informação. Ah, e ainda vem encartado um CD com um podcast narrado pelo próprio autor.

Acervo pessoal
Para fechar, uma última dica: quando for ouvir Jazz, procure ouvir com atenção e sem distrações. É possível ouvir Jazz enquanto bate papo com os amigos ou cuida da casa, mas procure ter alguns momentos em que a audição seja com atenção exclusiva ao álbum. Procure isolar o som dos instrumentos na sua mente, um de cada vez, note o desenvolvimento de cada artista na faixa.. Repita a música até dar conta de todos os instrumentos (nas primeiras experiências, procure grupos pequenos como trios ou quartetos). Por fim, escute novamente a faixa e se dê conta da harmonia produzida com todos os instrumento sendo executados juntos. Essa prática treinará os seus ouvidos e fará com que, com o tempo, você consiga perceber toda a riqueza de nuances que esse estilo oferece.

É isso, até mais!

10 comentários:

  1. Boa Rodrigo!
    A discussão no grupo rendeu frutos.
    Muito instrutivo o seu post.

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  2. Cara bem legal! Excelente início! Com certeza dicas bem interessantes acerca do universo Jazz!
    Grato pelo post.

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  3. Cara bem legal! Excelente início! Com certeza dicas bem interessantes acerca do universo Jazz!
    Grato pelo post.

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  4. Belos itens! Este documentário do Ken Burns é realmente incrível! Já assisti umas duas vezes, e lendo esse post agora acho que vou para a terceira.
    :-)

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    1. O documentário é incrível, super bem feito. Peca por alguns exageros nos depoimentos, mas dá pra perdoar pois são pessoas que adoram o jazz e se empolgam ao falar dele.

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  5. Fazendo côro com o Alexandre, também já assisti a este doc do Ken Burns pela coleção lançada na banca (História do jazz0 e que ganhei de um amigo. Posso dizer que não tenho quase nada de jazz em minha coleção, apesar de respeitar o estilo. Ótimo post.

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    1. Sério que na sua cidade esse documentário foi vendido em bancas?? Caramba, eu penei pra achar ele há uns anos! Aceitei até pegar uma edição que já não tinha o box (os DVDs estavam avulsos) e nunca mais consegui achá-los novamente, nem em sebos!! Abração!!

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