Não serei hipócrita, tenho muitas coletâneas e através delas conheci
vários artistas e grupos. Digamos que foi uma “porta de entrada” para muito
conhecimento e prazer. Comecei a desgostar das coletâneas por volta de 1996, quando me
interessei por música clássica e passei a pesquisar mais a sério este gênero
musical.
Frequentemente, por uma questão mercadológica, as coletâneas de
música clássica são compostas de trechos das obras, retirando-as totalmente de
seu contexto. É lamentável ouvir o “tema” da quinta sinfonia de Tchaikovski, por
exemplo, sem antes ouvir o primeiro movimento, parte do segundo, o terceiro e o
quarto. É um grande prazer passar pelos movimentos musicais compostos
brilhantemente, conduzindo o ouvinte a se maravilhar quando finalmente chega ao
tema de forma grandiosa, levando muitas vezes às lágrimas; obviamente não por
tristeza, mas de emoção; e após, caminhar à conclusão.
No entanto, a coletânea mostra uma faixa de Beethoven com um teco
de Mozart e uma pílula de Vivaldi. É como se você fosse assistir a um filme
onde os primeiros minutos mostrasse os melhores momentos de Taxi Driver
(totalmente fora de contexto), logo após, sem maiores explicações, a melhor
parte de O Exorcista e finalizasse com o ápice de O Senhor dos Anéis. Ou seja,
terrível.
Depois percebi que com música popular não é diferente. A maioria
dos artistas costuma elaborar seus álbuns ou de forma conceitual, de modo que
todas as faixas são interligadas de alguma forma, como fez o Pink Floyd, The Who,
Marvin Gaye e etc. Ou são apresentadas conforme sua inspiração no momento das
composições, onde o trabalho tem várias coisas em comum, expressando o momento
do criador, gerando também uma unidade de certa forma. É um desperdício separá-las. Já percebi, inclusive, faixas de coletâneas que são aparentemente
sem graça mas, quando a inserimos no contexto de um álbum, tornam-se
fabulosas.
Concluindo, a coletânea torna um trabalho meramente comercial, diminuindo seu valor
conceitual e artístico. Admito que em momentos apenas de lazer, a coletânea seja
interessante. Mas que seja a MINHA coletânea e não a selecionada por terceiros.
Essa, acho que ainda vale.
E você, o que acha? Registre sua opinião nos comentários!
*Publicado originalmente em 23/10/2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário